O aleitamento natural exclusivo é preconizado até os seis meses de idade pela Organização Mundial de Saúde. Não são necessárias as ingestões de água, sucos, chás, ou qualquer outro complemento, exceto nos casos especiais em que o pediatra prescreve.
Durante o período da amamentação existe a crise transitória da lactação que culmina com os surtos de crescimento do bebê. Muitas vezes, as mães estão acostumadas com os intervalos das mamadas, de repente o recém-nascido passa a solicitar o seio em períodos mais curtos, dessa forma ele não descansa e a mãe acha que o leite produzido não está alimentando de forma adequada. Porém o lactente só está adaptando a produção do leite à sua demanda para que possa crescer e se desenvolver de maneira saudável, pois o ato de sucção estimulará a liberação de prolactina. Essa crise tende a estabilizar em oito dias.
Posições para a amamentação
Há muitas posições para a amamentação, a mãe deve se sentir confortável e o bebê também. Uma das mais recomendadas é a ortostática ou de cavaleiro, pois favorece a respiração nasal, além de estimular o crescimento de ambos os lados da mandíbula e todos os outros músculos da face, prevenir otite e refluxo.
A pega correta realizada pelo bebê ao seio materno evita que muitos problemas ocorram durante a amamentação, como alimentação deficiente, desmame precoce, dor e fissura nos mamilos, entre outros. O ideal é que grande parte da aréola fique abocanhada pela criança (Figura), o seu queixo deve estar encostado no seio, além do nariz ficar livre para a passagem de ar, a bochecha deve encher de leite quando a mesma sugar, o lábio inferior deve estar voltado para fora e a boca fica semelhante a dos peixes.
É imprescindível que se realize a higiene bucal do bebê após a amamentação, essa pode ser realizada com gaze umedecida e após a erupção dos primeiros dentinhos, essa deve ser feita utilizando escova e creme dental. Detalhes sobre a higiene bucal do bebê estará na matéria Saúde bucal do Bebê.
Composição do leite materno
A composição do leite varia no decorrer da mamada. A gordura, por exemplo, fonte de energia, estará disponível na porção final do conteúdo lácteo, pois ela só é ejetada quando há compressão por esvaziamento dos ductos lactíferos, local onde a mesma se encontra. Então, quando o bebê parar de mamar e quiser voltar à mamada, o ideal é que o coloque no mesmo seio onde terminou a sucção por último, assim estará ingerindo a gordura presente no restante do leite e se saciará mais facilmente.
Utilização ou não da chupeta?
A utilização da chupeta deve ser avaliada com cautela, os riscos e benefícios devem ser levados em consideração antes de ofertá-la à criança. Assim como a mamadeira, ela também pode ser considerada um fator de risco ao desmame precoce, pois não exige tanto esforço quanto o seio materno e torna a sucção do lactente mais fácil. Os bebês podem fazer “confusão de bicos” e assim rejeitar a mama ou então realizar sucção ineficiente, reduzindo o estímulo e liberação de prolactina e leite. Quando ofertadas, prioriza-se bicos ortodônticos.
Uso da Mamadeira
Se houver a necessidade do uso da mamadeira orientado pelo pediatra, isto deve ser feito da maneira mais parecida possível com a do aleitamento natural. O bebê deve ficar na posição vertical, prevenindo otite. O furo do bico da mamadeira não deve ser aumentado, pois a criança precisa fazer esforço para mamar, estimulando assim a musculatura facial. Ainda, os utensílios devem ser higienizados e esterilizados com água fervente.
Vantagens para as mães
- Vínculo mãe-filho;
- Rápida involução uterina;
- Método contraceptivo (amenorreia – consequente conservação do estoque de ferro no organismo das mães);
- Mais tempo dedicado à criança, pois a mãe não terá que se preocupar em preparar o alimento para seu bebê, e nem organizar e lavar utensílios utilizados no preparo e oferta da comida;
- Diminuição do risco ao câncer de mama e ovário;
- O leite materno está presente 24 horas por dia, sem custo.
Vantagens para o bebê
- Estabelecimento do vínculo entre a mãe e o filho, afinal a criança se sentirá confortável e segura;
- O bebê aprende sobre a sensação de saciedade. Pois a amamentação previne obesidade;
- A amamentação protege contra a cárie precoce da infância; e influência positivamente na escolha por hábitos alimentares saudáveis futuros;
- Diminui a mortalidade infantil prevenindo diarreia e pneumonia;
- O leite humano apresenta todos os componentes essenciais para o crescimento saudável da criança. Lipídeos são fontes de energia e precursores de hormônios; carboidratos bem como a lactose contribuem com energia e auxiliam no desenvolvimento do sistema nervoso central, e os oligossacarídeos ajudam na prevenção da diarreia; proteínas estimulam o crescimento, a digestão, possuem atividade probiótica bem como tem ação imunomoduladora; minerais, como cálcio, fósforo e magnésio são constituintes primários dos ossos; imunoglobulinas formam antígenos específicos que combatem patógenos os quais as mães foram expostas; linfócitos fagocitam fungos, vírus e bactérias, neutrófilos são bactericidas; fatores inespecíficos de proteção, entre eles as vitaminas A, C e E são antioxidantes e anti-inflamatórios; além disso, existem ainda outros constituintes importantes para o desenvolvimento do bebê;
- O aleitamento materno estimula toda a musculatura facial por meio do esforço do lactente em sugar. Auxilia na respiração nasal contribuindo para que a criança durma e se desenvolva adequadamente. O crescimento da mandíbula é favorecido, bem como o estabelecimento da deglutição e fonação corretas. Dessa maneira pode-se considerar a amamentação natural como uma prática ortodôntica preventiva.
Escrito por: Dra.Jéssica Copetti Barasuol